Relato de Parto
– Mamãe Giovanna e bebê Ester
Dedico este relato à minha filha querida, que fez
surgir em mim uma pessoa mais forte, confiante, segura e feliz. Te amo, feliz
aniversário!
No dia 19/03/2013, uma terça-feira,
sassariquei um monte. Fui para Suzano conversar com meu chefe. Almocei com o
pessoal e fiquei de voltar no dia seguinte, às 14:00, para uma reunião. De lá,
segui para Ribeirão Pires, me encontrei com uma amiga e voltei para São Paulo,
de trem e metrô mesmo. Em casa, jantei com quatro amigos queridos. Às 23h00,
mais ou menos, senti uma coisinha. Umas contrações diferentes das que eu já
tinha experimentado. Pensei “huumm” e falei para o Allan que estava rolando
algo no ar. Fui dormir e descansei bastante. Quando o Allan se levantou para
trabalhar no dia 20/03, comecei a sentir contrações. Eram aproximadamente 7h30.
Logo comecei a contar e estavam de 8/8 min. Consegui dormir mais um pouquinho,
mas elas continuaram e foram reduzindo o intervalo.
Fiquei lendo sobre formas de
aliviar a dor das contrações o dia todo, e tentando fazer.
Almocei arroz, feijão, bife, ovo,
banana e batata fritas, o famoso Especial da Casa do Bar do Zé. Queria muita
energia para continuar o dia. Em seguida, umas 14h30, falei para o Allan ir
dormir, porque imaginava que a noite seria longa. E cadê o tal do tampão? Nem
sinal dele! Tomei banho, tentei descansar, arrumei algumas coisas da mala que
levaria à casa de parto... Voltei a contar, as contrações estavam de 5/5 min às
16:30. Liguei então pra Casa Angela, e a Camila, parteira muito querida, disse
para eu me preparar e ir pra lá COM CALMA pra elas avaliarem. O Allan, com sua
calma (lerdeza), foi tomar banho, fazer a barba (!!!)... Aproveitamos e tiramos
algumas fotos, como despedida da barriga.
Saímos de casa umas 18h e peguei a
Marginal Pinheiros em horário de pico. No caminho, liguei para a minha mãe,
avisando que estaria num happy-hour e que talvez não atenderia o telefone.
Liguei também para minha querida amiga Nataska, parceira de todas as horas e
fotógrafa do parto. O Allan, love of my life, parou ainda pra comprar uma coca
no posto. Só tinham cinco pessoas na frente dele na fila, só não o matei porque
não conseguia. Quando estávamos quase chegando, com o carro parado no trânsito,
eu tirei o cinto e fiquei de quatro, tentando aliviar a dor, mas mal sabia o
que me esperava.
Chegamos lá às 19:15, fui recebida
pela querida parteira Fran. Ela me avaliou e viu que eu estava com QUATRO cm.
Fizeram cardiotoco e viram os batimentos, tudo ok. Líquido claro, o Allan viu
os cabelinhos da Ester, que ainda não tinha nome.
Falando com a Nataska. “Vai demorar,
te ligo mais tarde!”
Aí fiquei por lá, curtindo o trabalho
de parto. Não fiquei muito na bola, mas usei muito a banheira. Me ofereceram
brigadeiro, não quis. Aliás, vomitei todo o almoço e mais um pouco… Não me mexi
muito, mas fiquei bem à vontade. As contrações doeram o esperado, ou seja, pra
caramba. Eu tentava aliviar a dor na banheira, me mexendo, fazendo uns sons. A
Rose também me ajudou muito, fazendo massagens deliciosas!
A Nataska chegou lá pela 1:30, para
fazer as fotos. Sabia que ela era a pessoa certa, que teria confiança em mim e
me deixaria à vontade. Logo em seguida, a moça que estava na sala ao lado teve
que ser transferida para o hospital. A Fran foi me avisar que sairia mas a Dal
estava chegando. Quando a Dal chegou, eu pedi para ela ver os batimentos do
bebê, porque pensei "como vou saber que ela está bem?".
Estava tudo ok mesmo, como esperado.
Quando era umas 3h30 do dia 21, eu disse que queria no banheiro, aliás, eu
achava que queria fazer xixi, mas ele não saía (até pensei na hora que estava
com infecção urinária, tolinha). Notem que a minha bolsa não rompeu e o tampão só saiu na banheira. Nem vi.
"Ai, gente, minhajuda!!!"
A Fran já tinha
voltado do hospital. Enfim a Dal me convenceu a sair da banheira para ir ao
banheiro, mais pra dar uma caminhadinha. No vaso eu me encontrei, senti a
cabecinha da Ester e não queria mais sair da posição, até que resolveram me
chamar pra voltar pra sala de parto. Caminhei de volta para a sala de parto e
eu senti que ela estava vindo. A banheira estava com a água fria, demoraria
muito para encher, então pedi pra ser no banquinho. Elas aprontaram tudo e lá
fui eu curtir a força que o meu corpo estava fazendo. O Allan ficou na cadeira
me apoiando por trás. As contrações pararam um pouco, mas foram suficientes.
Durante todo o expulsivo, a Fran segurou a minha mão. Muito carinho e apoio! Espero
não ter machucado sua mão!
A cabeça da Ester saiu, mas o resto
do corpinho não, então a Dal e a Fran fizeram uma manobra (ai!) pra virar o
corpinho. Foi apenas nessa hora que eu tive laceração. Às 4h07 da manhã ela nasceu,
super bem, com um chorinho sentido, lindo!
“Caramba, você
chegou!”
Logo veio pro meu colo. Quentinha,
gosmenta, cheirosa…
“Seja
bem-vinda!”
Uns dois minutos depois, senti a
placenta vindo. Ela escorregou bonitona. As meninas perguntaram se eu queria
guardá-la, eu disse que não e a ofereci à Nataska. Perguntei também se alguém da nossa turma da faculdade iria querer. Pois é, eu também não sei o
que ela ou qualquer outro amigo faria com essa placenta, mas enfim, vai que, né?
“Prazer, sou a
placenta!”
O Allan cortou o cordão assim que ele
parou de pulsar, logo que a placenta saiu.
"Que tesoura enooorme."
Enquanto eu fui pra cama para darem os pontos, ela foi
pesada, medida e vestida. 3,570 kg e 47 cm.
"Fortinha, né?"
Logo ela voltou pros meus braços e mamou enquanto a
Dal dava os pontos. Decidimos, então, que se
nome seria mesmo Ester.
“Cadê meu Tetê??”
Nessa hora, abriu um buraco do
tamanho do mundo na minha barriga. O enjoo passou na hora e eu queria comer
cinco elefantes. Recebi suco, salada de frutas e canja! Oba! Que comida
maravilhosa, a da Casa Angela.
Logo fomos os três para o outro quarto, onde ficamos.
A Ester em seu bercinho, ao meu lado, o tempo todo. E do meu lado ela nunca
mais saiu, até completar seis meses, quando eu voltei a trabalhar. Finalmente,
às 7h30, avisamos nossos pais que a Ester havia chegado e receberíamos visitas
a partir das 13h00. Ela acordou umas três vezes, as meninas da Casa Angela me
ajudavam a pegá-la e amamentar. Mamou tão bem que tivemos alta com apenas 100g
a menos que o peso de nascimento e três dias depois ela já tinha recuperado o
peso do nascimento.
Saindo da barriga, o papai já começou
a cuidar. Trocou fraldinha com mecônio e deu o segundo banho!
Com a habilidade de agir sob
pressão.
Agradeço a todas que disponibilizaram
informação, às que lutam, à Casa Angela, enfim, a todxs que me ajudaram a parir
dignamente, com respeito, carinho, tranquilidade e amor. Gratidão à Francielle
Matos, que me apresentou a Casa Angela. Agradeço também à minha querida amiga
Nataska, que foi uma perfeita fotógrafa de parto. Confiante e discreta.
Meu parto veio com um pacote e eu
tenho certeza de que o caminho que temos seguido é o certo para nós. A
Esterzinha está aí esbanjando confiança, saúde e alegria. Tenho certeza de que
o modelo de assistência da Casa Angela é o melhor a ser seguido. A minha maior
alegria era ter confiança plena na equipe, assim eu tinha certeza de que seria
bem atendida, com carinho e honestidade. Mesmo que fosse uma cesariana, eu saberia
que era realmente necessária.
Agradeço à minha família, especialmente minha mãe, que começou desconfiada e depois de tempestades de informações e uma visita à Casa Angela me apoiou por completo.
Agradeço especialmente ao Allan, que
sempre esteve ao meu lado nessa jornada, acreditou em mim e me apoiou em todos
os momentos. Hoje em dia ele sabe o que é mecônio, dilatação, episiotomia,
colírio de nitrato de prata, doula e outras cositas más. O susto foi grande,
mas abraçamos com tudo o pacote família.
Fica aqui meu relato como homenagem
às outras mães que também relataram seus partos, sendo eles normais, naturais,
humanizados, cesáreas necessárias e desnecessárias. O meu parto é o que eu
desejo a todas as mulheres!
Mamãe orgulhosa.
São
Paulo, 20/03/2014
(Sim,
quase um ano depois)
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