segunda-feira, 24 de março de 2014

Relato de Parto - Fernanda e Otto

Engravidei com 26 anos, foi um susto, mas estávamos muito felizes! Passei a gravidez me sentindo feliz e mais disposta do que o habitual, trabalhei, dancei e pratiquei Yoga. Fiz duas mudanças até encontrar a casa que queria passar os primeiros anos com meu filho. Mudei de médico com 20 semanas, quando conheci o GAMA. Passei a me consultar com um médico indicado por uma amiga que tem como bandeira o parto humanizado. (ele não era credenciado no GAMA).

Durante a gravidez fiz algumas massagens com uma doula, e não fui mais no GAMA pois achei que tudo estava encaminhado. O pré-natal correu bem, assisti vídeos de parto natural, aprendi sobre as etapas do trabalho de parto e realmente achei que tria um parto natural como tanto tão rápido, estava com 38 semanas. Ligamos para o médico ele sonhava. Comentei de levar minha doula para o hospital ele disse que não havia a menor necessidade. Aceitei. 24/08/2010: Estava na casa dos meus sonhos que acabara que mudar, eram 7 da noite, senti um sono descomunal, fui dormir. 23:30- acordo para fazer xixi, a cama esta molhada: Amor a bolsa estourou! Nossa... que emoção! óbvio que não estava nada arrumado pois não imaginei que seria tudo disse para irmos para o hospital com calma. ( não deveria ter ido tão rápido para o hospital) Arrumei as coisas, tomei banho e liguei para minha mãe (não deveria ter ligado para minha mãe).

Fomos para hospital, chegando lá, já com as primeiras contrações fiz o exame para sentir o coração do bebê, estava tudo bem, fui para o quarto de parto natural. Ficamos no quarto, eu e meu marido um tempão... às vezes aparecia uma enfermeira, as dores foram ficando fortes e eu exausta, estava na banheira e lá fiquei. Às 12:00 chegou o médico e minha mãe. Quando eles chegaram me desconectei, fiquei manhosa, cansada e minha mãe nervosa com medo da demora de um parto normal (ela fez cesárea e falou que não teve dilatação e isso poderia ser genético). Fiquei com medo de perder o controle da situação e precisar de uma cesárea, as horas foram passando e minha dilatação não passava de 6 cm. Comecei a me sentir pressionada pelo relógio, os familiares começaram a chegar e eu a ficar cada vez mais passiva, cansada e com muita dor. O médico me deu anestesia as 14:00, precisava ficar sozinha, me conectar o quarto estava cheio de gente, tive vergonha de gritar de ficar de quatro de virar bicho. Achei que as coisas fossem acontecer “naturalmente”, ou seja, “passivamente”. 

O médico não teve o tato de pedir para que todos saíssem, ele não me chamou para o trabalho de parto ele ficou conversando, o quarto virou uma sala de estar. Minha dilatação estagnou em 6 cm desde a chegada do médico, a anestesia me fez dormir, relaxar... e assim seguiu o trabalho de parto sem nenhuma evolução até as 22:00 do dia 25/08/2010, quando fui levada para uma cesárea. Meu filho estava bem, eu estava bem, porém desconectada, fui chorando muito, desesperada vendo um sonho escorrendo pelo ralo, fui dopada, acordei com um tapas na cara ouvindo olha seu filho! Falei com muito esforço deixa eu segurá-lo, quero ver a carinha dele, segurei ele por segundos, ele foi para o colo do meu marido, os dois foram para um quarto e eu dormi enquanto me costuravam.

Acordei em um quarto com meu bebê, pedi para amamentá-lo sozinha e assim foi, não nos desgrudamos mais. Chorei muito me senti uma fracassada, por não ter tido o parto como queria, é uma dor que nunca vai passar, é uma marca na alma. Chorei escrevendo esse relato pensando que tudo poderia ter sido diferente. Não me conectei e não fui orientada para isso. Espero ter o próximo parto em casa com muito amor.


Fernanda Lion, mãe do Otto 3,7 anos.

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